terça-feira, 21 de maio de 2013





"Os livros são amigos que nunca nos decepcionam." - Thomas Fuller              


segunda-feira, 20 de maio de 2013

A sua História

A VOZ

    A voz é um ingrediente muito importante para o contador de histórias, pois ela materializa não só as sucessivas fases do conto ( momento de alegria, tristeza, euforia, suspense, tranquilidade, etc.), como também os personagens, uma vez que cada um possui uma vos típica e fácil de ser identificada.
Por exemplo:
  •  o rei possui uma vos imperativa e mandona;
  • o gigante possui uma vos grossa, forte e alta;
  • o homem mau ou um animal cruel possuem uma vos rouca e antipática;
  • as crianças e os animais pequeninos ou filhotes possuem uma vos fina, rápida e balbuciada;
  • a mulher ou homem velho possuem uma voz fraca, trêmula e cansada;
  • as almas de outro mundo podem ser representadas com voz fanhosa pelo nariz, num tom arrastado.
É bom saber também que a voz vem sempre acompanhada de elementos:
  •  Sonoridade e timbre:
                 A sonoridade trata do bom som, da pronuncia das palavras. E o timbre é a qualidade que distingue um som, independentemente da sua altura ou intensidade. É a personalidade da fala.
  • Intensidade:
                 É o grau de força com que o som produz altura, volume. A vos deve ser agradável, audível (nem muito baixa, nem muito alta).
  • Velocidade:
                 Varia de acordo com as necessidades da expressão. Pode ser rápida, mediana, rapidíssima ou lenta, lentíssima.
  • Dicção:
                 É a pronuncia correta de todos os sons de uma palavra. Uma pronúncia defeituosa atrapalhada e narrativa. Por exemplo:
           * Falar " Pó Pô Pó"  = Pode pôr pó?
  • Evitar usar vícios de linguagem:
           * Né?                          * Entendeu?
           * Aí ... então ...            * Tá vendo?
           * Percebe?                   * Compreende?
           * Ouviu?                       * Bem ... então ... então 

RECEITA MILENAR PARA SE TORNAR UM "CONTADOR DE HISTÓRIAS" E ENCANTADOR DE OUVINTES

 
 Ingredientes:
  • Emoção;
  • Paixão;
  • Entusiasmo;
Utensílios:
  • Coração cheio de amor e paixão;
  • Bons ouvidos;
  • Bons olhos;
  • Muitas Histórias;
Modo de Preparar: 
  • Leia bastante! Leia tudo!
  • Fique atento(a) a tudo o que acontece a sua volta. Preste atenção em cada movimento. Aguce os ouvidos!

O Grande Rabanete

O vovô saiu para a horta e plantou um rabanete.
O rabanete cresceu, cresceu e ficou grandão, grandão.
O vovô quis arrancar o rabanete para comer no almoço.
Então  o vovô chamou a vovó pra ajudar a puxar o rabanete.
A vovó segurou o vovô, o vovô segurou o rabanete.
Puxa –que -puxa  e nada do rabanete sair da terra.
Então  a vovó chamou a neta pra ajudar a puxar o rabanete.
A neta segurou na vovó, a vovó no vovô, o vovô no  rabanete.
Puxa –que -puxa  e nada do rabanete sair da terra.
Então a neta chamou o Totó para ajudar a puxar o rabanete.
O Totó segurou na neta, a neta na vó, a vó no vô, o vô no rabanete.
E nada do rabanete sair da terra.
Então o Totó chamou o gato pra ajudar a puxar o rabanete.
O gato segurou no Totó, o Totó na neta, a neta na vó, a vó no vô, o vô no rabanete.
E nada do rabanete sair da terra.
Então o gato chamou o rato, para ajudar a puxar  o rabanete.
O rato segurou no gato, o gato no Totó, o Totó na neta, a neta na vó, a vó no vô e o vô no rabanete.
E plop! Arrancaram o rabanete da terra.
-Eu sou o mais forte! – disse o rato.
Então o vô disse que é a união que faz a força e juntos comeram o rabanete, que era tão grande que deu pra todos, e ainda sobrou um pouco pra minhoca que passava por ali.
Autora: Tatiana Belinky
 





 
 
 

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Os Porquês do Coração



Mabel gostava de acordar bem cedinho. Levantava da cama, escovava os dentes, penteava os cabelos e já começava a viver a vida e fazer um montão de perguntas:

- Por que precisamos dormir todas as noites?

- Porque os cachorros latem e os gatos miam?

- Por que o pente tem dentes e não sabe dar risada?

E enquanto se aprontava para ir à escola:

- Por que o espelho reflete a minha imagem?

- Por que você é tão diferente de mim?

- Por que eu sou desse jeito, e não sou chinesa, nem ruiva, nem tenho sardas?

Papai e mamãe, pacientemente, procuravam responder ao que a filha perguntava. Havia perguntas engaçadas, tristes, compridas, curtas, perguntas fáceis e perguntas muito difíceis.

Mas, nem bem terminavam de dar uma resposta e Mabel já vinha com novas perguntas:

- Por que tem gente que é rica e gente que é pobre?

- Por que o cavalo come capim e não toma sorvete?

- Por que a gente solta pum?

E na hora do almoço, ao voltar para casa:

- Por que peixe tem cauda e não tem pé?

- Por que o gato tem medo de tomar banho e a minha prima Alice também?

- Por que tem gente tão grande e gente tão pequena?

E após o jantar?

- Por que as pessoas ficam velhas?

- Por que o tempo não tem fim?

- Por que a gente morre?

- Um dia, você vai acabar descobrindo que nem todas as perguntas tem respostas, explicou o papai com um beijo gostoso de boa-noite.

Quando chegou o  dia do seu aniversário, Mabel ganhou de presente um aquário com um peixinho.

Olhou bem para ele. Que lindo!

Tinhas os olhos bem abertos, vivos e brilhantes.

Tinha listras coloridas e uma cauda enorme, transparente.

Mabel ficou ali, olhando para o peixinho que nadava contente, de um lado para o outro. E não teve dúvida: - Vou chamá-lo de Igor.

No final da tarde, depois de um dia cheio de aventuras, Mabel ia ver o seu peixinho. E costumava levar sempre uma surpresa: algumas pedras coloridas que encontrava no caminho da escola, umas conchinhas que havia guardado do seu ultimo passeio na praia, uma planta bem verdinha...

Trocava a água, colocava comida e arrumava tudo direitinho. O aquário ficou tão bonito que parecia um pedacinho do mar.

Depois, Mabel sentava ali, bem pretinho, e ficava conversando com Igor. O peixinho abria e fechava a boca como se tivesse participando da conversa. Parecia até que ele já esperava por aquele encontro gostoso, todos os dias.

Papai e mamã espiavam de longe. E é claro que a menina continuava a fazer perguntas. Só que, desta vez, as perguntas eram todas para o peixinho.

- Por que você já nasceu sabendo nadar?

- Por que você respira debaixo da água? ( ontem eu fiz uma tentativa na banheira e estou tossindo ate agora!)

- Por que você não fecha os olhos para dormir?

Com o passar do tempo, uma grande amizade foi surgindo entre os dois. Mabel não via a hora de voltar da escola e ir correndo ao encontro do peixinho.

Igor por sua vez, a esperava ansioso, e quando a menina chegava, fazia-lhe a maior festa!

Um dia quando ela começava a fazer aquele montão de perguntas, Igor perguntou:

- Por que será que você fala tanto “porquê”?

Mabel ficou pensativa e em seguida respondeu:

- Eu falo “por que” por dois motivos: porque eu gosto que as pessoas que eu gosto olhem para mim; e porque existem coisas que eu ainda não sei e gostaria de saber.

Igor ficou orgulhoso, pois sabia que ninguém mais conhecia o segredo de Mabel. E sabia também que , quando um amigo nos revela um segredo tão intimo, precisamos guardá-lo com carinho, lá no fundo do nosso coração.

Passou a conhecer e entender melhor a amiga, e quando ela vinha com um montão de perguntas, prestava bastante atenção, olhando bem nos seus olhos.

Mabel já gostava tanto do amigo que até fazia versinhos?

“ Será que você me ouve?

Será que você me vê?

Será que o seu coração de peixinho bate tão forte,

quanto  o meu coração por você?”

E Igor gostava tanto de Mabel que até lhe ensinou uma canção:

 

“ Como pode um peixe vivo

Viver fora d’água fria

Como poderei viver

Sem a tua

Sem a tua

Sem a tua companhia...”



Mas, um dia...

Mabel voltava de um passeio na praia, com a família. Lá longe, em contato com o mar, havia se lembrado muito do seu peixinho e desejado que ele estivesse junto com ela para ver de novo os deus amigos, o seu mundo. Agora, não via a hora de reencontrá-lo para contar as novidades da viagem.

Mal chegou em casa e já foi gritando:

- IGOR !

Olhou e, desta vez não viu o peixinho nadando satisfeito ao seu encontro.

- Igor, onde está você?

Chegou bem pertinho do aquário, e qual não foi a sua surpresa:

Igor estava ali, boiando sobre a água. Enfiou a sua mãozinha dentro do aquário, pegou-o entre os dedos... seu corpinho estava perfeito: as listras coloridas, a cauda enorme e transparente, os olhos bem abertos, mas... sem vida!

Um soluço forte brotou de dentro do seu peito. Depois, um grito de dor:

- IGOR !!!

 E uma pergunta:

- Por quê?

Mabem se lembrou de uma coisa que o papai havia lhe falado:

- Um dia você vai compreender que nem todas as perguntas têm resposta.

Chorou muito a perda daquele amigo querido. Arranjou uma caixinha de fósforos, forrou-a e colocou o corpo do peixinho ali.

Depois, chamou os seus amigos para o enterro. Mas só aqueles amigos muito especiais, que também gostavam do Igor e sabiam o quanto ele era importante para ela.

Cavaram um buraquinho no quintal, enterraram o peixinho e cobriram o lugar com flores bem bonitas.

O tempo foi passando, mas a dor continuava forte. Mabel chorava e, aos poucos, suas lágrimas foram inundando o seu coração. Lembrava-se com saudade do amigo, dos momentos bons que haviam passado juntos, da festa que ele fazia ao encontrá-la todos os dias, no final da tarde.

Certo dia, a dor da saudade foi ficando tão grande que Mabel não agüentou mais: encontrou no seu quarto, fechou a porta, apertou as mãozinhas com força e gritou bem forte, tão forte que só ela era capaz de ouvir:

- IGOR !!!

 De repente, como num passe de mágica, Igor estava nadando no seu coração. E foi aí que ela ouviu uma voz que falava baixinho, tão baixinho que só ela era capaz de ouvir:



“ Será que você me ouve?

Será que você me vê?

Será que o seu coração de menina

Bate tão forte

Quanto o meu coração por você?”



E Mabel arriscou mais uma pergunta:

- Por que você está nadando no meu coração?

- Porque você me chamou através da saudade. E sempre que você me chamar assim, com tanta força, eu virei nadar nas águas do seu coração. Ele é tão gotoso que parece um pedacinho do mar. E sabe o que eu descobri? Aqui dentro existem algumas cavernas. Por quanto vou ficar morando na caverna da saudade, que fica ao lado da caverna dos sonhos, bem pertinho da caverna das lembranças. Aqui, ainda tem lugar pra muita gente.

Mabel ficou surpresa. Mal acreditava no que estava acontecendo. Que felicidade! Olhou bem para aquele peixinho: as listras coloridas, a cauda enorme e transparente, os olhos bem abertos, brilhantes, cheios de vida... e não teve dívida: era o mesmo Igor de sempre!

- Sabe de uma coisa, Mabel? Todas as pessoas que você ama visitam ou moram no seu coração. Agora você já aprendeu: sempre que quiser estar com elas aperte suas mãozinhas e grite bem alto, com tosa a força da saudade e, como num passe de mágica, elas  virão visirar você.

Com o tempo a dor da saudade foi-se acalmando. Mabel já conseguia dar boas risadas lembrando-se de coisas engraçadas do amigo. Lembrou-se das vezes em que ele ficava bem quietinho ouvindo as suas historias e prestando atenção nas perguntas. E quando ele brincava de esconde-esconde no meio das pedras.

Lembrou-se também de quando ele cantou uma linda canção para ela:

 

“ Como pode um peixe vivo

Viver fora d’água fria

Como poderei viver

Sem a tua

Sem a tua

Sem a tua companhia...”



Um dia, Mabel foi chamar o Igor na caverna da saudade. Mas ele não estava mais lá.

- Não é possível – pensou a menina. – Onde é que esse peixinho se escondeu desta vez? Será que ele foi embora sem se despedir de mim?

Mas, não demorou nada para que ela o encontrasse nadando em outras águas, feliz da vida!

Igor tinha acabado de se mudar para a caverna das boas lembranças.

                                       AUTOR: NYE RIBEIRO SILVA

Sugestões de atividades:

1. Dobradura de Peixe: 
 2.  Cartaz com as cavernas do coração: pedir para que os alunos escrevam ou desenhem pessoas, animais ou coisas que eles sintam estar na caverna da saudade no coraçãozinho deles. Colocar tais desenhos em um cartaz que represente as cavernas do coração. Deixar exposto na sala. Pode-se explorar as três cavernas, não apenas uma.


3-    Produção textual, com início, meio e fim relatando seu sentimento ao perder alguém querido na morte.



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