terça-feira, 21 de maio de 2013
segunda-feira, 20 de maio de 2013
A VOZ
A voz é um ingrediente muito importante para o contador de histórias, pois ela materializa não só as sucessivas fases do conto ( momento de alegria, tristeza, euforia, suspense, tranquilidade, etc.), como também os personagens, uma vez que cada um possui uma vos típica e fácil de ser identificada.
Por exemplo:
* Falar " Pó Pô Pó" = Pode pôr pó?
* Aí ... então ... * Tá vendo?
* Percebe? * Compreende?
* Ouviu? * Bem ... então ... então
Por exemplo:
- o rei possui uma vos imperativa e mandona;
- o gigante possui uma vos grossa, forte e alta;
- o homem mau ou um animal cruel possuem uma vos rouca e antipática;
- as crianças e os animais pequeninos ou filhotes possuem uma vos fina, rápida e balbuciada;
- a mulher ou homem velho possuem uma voz fraca, trêmula e cansada;
- as almas de outro mundo podem ser representadas com voz fanhosa pelo nariz, num tom arrastado.
- Sonoridade e timbre:
- Intensidade:
- Velocidade:
- Dicção:
* Falar " Pó Pô Pó" = Pode pôr pó?
- Evitar usar vícios de linguagem:
* Aí ... então ... * Tá vendo?
* Percebe? * Compreende?
* Ouviu? * Bem ... então ... então
RECEITA MILENAR PARA SE TORNAR UM "CONTADOR DE HISTÓRIAS" E ENCANTADOR DE OUVINTES
O Grande Rabanete
O vovô saiu para a horta e plantou um rabanete.
O rabanete cresceu, cresceu e ficou grandão, grandão.
O vovô quis arrancar o rabanete para comer no almoço.
Então o vovô chamou a vovó pra ajudar a puxar o rabanete.
A vovó segurou o vovô, o vovô segurou o rabanete.
Puxa –que -puxa e nada do rabanete sair da terra.
Então a vovó chamou a neta pra ajudar a puxar o rabanete.
A neta segurou na vovó, a vovó no vovô, o vovô no rabanete.
Puxa –que -puxa e nada do rabanete sair da terra.
Então a neta chamou o Totó para ajudar a puxar o rabanete.
O Totó segurou na neta, a neta na vó, a vó no vô, o vô no rabanete.
E nada do rabanete sair da terra.
Então o Totó chamou o gato pra ajudar a puxar o rabanete.
O gato segurou no Totó, o Totó na neta, a neta na vó, a vó no vô, o vô no rabanete.
E nada do rabanete sair da terra.
Então o gato chamou o rato, para ajudar a puxar o rabanete.
O rato segurou no gato, o gato no Totó, o Totó na neta, a neta na vó, a vó no vô e o vô no rabanete.
E plop! Arrancaram o rabanete da terra.
-Eu sou o mais forte! – disse o rato.
Então
o vô disse que é a união que faz a força e juntos comeram o rabanete,
que era tão grande que deu pra todos, e ainda sobrou um pouco pra
minhoca que passava por ali.
Autora: Tatiana Belinky
segunda-feira, 13 de maio de 2013
Os Porquês do Coração
Mabel gostava de acordar bem
cedinho. Levantava da cama, escovava os dentes, penteava os cabelos e já
começava a viver a vida e fazer um montão de perguntas:
- Por que precisamos dormir todas
as noites?
- Porque os cachorros latem e os
gatos miam?
- Por que o pente tem dentes e
não sabe dar risada?
E enquanto se aprontava para ir à
escola:
- Por que o espelho reflete a
minha imagem?
- Por que você é tão diferente de
mim?
- Por que eu sou desse jeito, e
não sou chinesa, nem ruiva, nem tenho sardas?
Papai e mamãe, pacientemente,
procuravam responder ao que a filha perguntava. Havia perguntas engaçadas,
tristes, compridas, curtas, perguntas fáceis e perguntas muito difíceis.
Mas, nem bem terminavam de dar
uma resposta e Mabel já vinha com novas perguntas:
- Por que tem gente que é rica e
gente que é pobre?
- Por que o cavalo come capim e
não toma sorvete?
- Por que a gente solta pum?
E na hora do almoço, ao voltar
para casa:
- Por que peixe tem cauda e não
tem pé?
- Por que tem gente tão grande e
gente tão pequena?
E após o jantar?
- Por que as pessoas ficam
velhas?
- Por que o tempo não tem fim?
- Um dia, você vai acabar
descobrindo que nem todas as perguntas tem respostas, explicou o papai com um
beijo gostoso de boa-noite.
Quando chegou o dia do seu aniversário, Mabel ganhou de
presente um aquário com um peixinho.
Tinhas os olhos bem abertos,
vivos e brilhantes.
Tinha listras coloridas e uma
cauda enorme, transparente.
Mabel ficou ali, olhando para o
peixinho que nadava contente, de um lado para o outro. E não teve dúvida: - Vou
chamá-lo de Igor.
No final da tarde, depois de um
dia cheio de aventuras, Mabel ia ver o seu peixinho. E costumava levar sempre
uma surpresa: algumas pedras coloridas que encontrava no caminho da escola,
umas conchinhas que havia guardado do seu ultimo passeio na praia, uma planta
bem verdinha...
Trocava a água, colocava comida e
arrumava tudo direitinho. O aquário ficou tão bonito que parecia um pedacinho
do mar.
Depois, Mabel sentava ali, bem
pretinho, e ficava conversando com Igor. O peixinho abria e fechava a boca como
se tivesse participando da conversa. Parecia até que ele já esperava por aquele
encontro gostoso, todos os dias.
Papai e mamã espiavam de longe. E
é claro que a menina continuava a fazer perguntas. Só que, desta vez, as
perguntas eram todas para o peixinho.
- Por que você já nasceu sabendo
nadar?
- Por que você respira debaixo da
água? ( ontem eu fiz uma tentativa na banheira e estou tossindo ate agora!)
- Por que você não fecha os olhos
para dormir?
Com o passar do tempo, uma grande
amizade foi surgindo entre os dois. Mabel não via a hora de voltar da escola e
ir correndo ao encontro do peixinho.
Igor por sua vez, a esperava
ansioso, e quando a menina chegava, fazia-lhe a maior festa!
Um dia quando ela começava a
fazer aquele montão de perguntas, Igor perguntou:
- Por que será que você fala
tanto “porquê”?
Mabel ficou pensativa e em
seguida respondeu:
- Eu falo “por que” por dois
motivos: porque eu gosto que as pessoas que eu gosto olhem para mim; e porque
existem coisas que eu ainda não sei e gostaria de saber.
Igor ficou orgulhoso, pois sabia
que ninguém mais conhecia o segredo de Mabel. E sabia também que , quando um
amigo nos revela um segredo tão intimo, precisamos guardá-lo com carinho, lá no
fundo do nosso coração.
Passou a conhecer e entender
melhor a amiga, e quando ela vinha com um montão de perguntas, prestava
bastante atenção, olhando bem nos seus olhos.
Mabel já gostava tanto do amigo
que até fazia versinhos?
“ Será que você me ouve?
Será que você me vê?
Será que o seu coração de
peixinho bate tão forte,
quanto o meu coração por você?”
E Igor gostava tanto de Mabel que
até lhe ensinou uma canção:
“
Como pode um peixe vivo
Viver
fora d’água fria
Como
poderei viver
Sem
a tua
Sem
a tua
Sem
a tua companhia...”
Mas, um dia...
Mabel voltava de um passeio na
praia, com a família. Lá longe, em contato com o mar, havia se lembrado muito
do seu peixinho e desejado que ele estivesse junto com ela para ver de novo os
deus amigos, o seu mundo. Agora, não via a hora de reencontrá-lo para contar as
novidades da viagem.
Mal chegou em casa e já foi
gritando:
- IGOR !
Olhou e, desta vez não viu o
peixinho nadando satisfeito ao seu encontro.
- Igor, onde está você?
Chegou bem pertinho do aquário, e
qual não foi a sua surpresa:
Igor estava ali, boiando sobre a
água. Enfiou a sua mãozinha dentro do aquário, pegou-o entre os dedos... seu
corpinho estava perfeito: as listras coloridas, a cauda enorme e transparente,
os olhos bem abertos, mas... sem vida!
Um soluço forte brotou de dentro
do seu peito. Depois, um grito de dor:
E uma pergunta:
- Por quê?
Mabem se lembrou de uma coisa que
o papai havia lhe falado:
- Um dia você vai compreender que
nem todas as perguntas têm resposta.
Chorou muito a perda daquele
amigo querido. Arranjou uma caixinha de fósforos, forrou-a e colocou o corpo do
peixinho ali.
Depois, chamou os seus amigos
para o enterro. Mas só aqueles amigos muito especiais, que também gostavam do
Igor e sabiam o quanto ele era importante para ela.
Cavaram um buraquinho no quintal,
enterraram o peixinho e cobriram o lugar com flores bem bonitas.
O tempo foi passando, mas a dor
continuava forte. Mabel chorava e, aos poucos, suas lágrimas foram inundando o
seu coração. Lembrava-se com saudade do amigo, dos momentos bons que haviam
passado juntos, da festa que ele fazia ao encontrá-la todos os dias, no final
da tarde.
Certo dia, a dor da saudade foi
ficando tão grande que Mabel não agüentou mais: encontrou no seu quarto, fechou
a porta, apertou as mãozinhas com força e gritou bem forte, tão forte que só
ela era capaz de ouvir:
- IGOR !!!
De repente, como num passe de mágica, Igor
estava nadando no seu coração. E foi aí que ela ouviu uma voz que falava
baixinho, tão baixinho que só ela era capaz de ouvir:
Será
que você me vê?
Será
que o seu coração de menina
Bate
tão forte
Quanto
o meu coração por você?”
E Mabel arriscou mais uma
pergunta:
- Por que você está nadando no
meu coração?
- Porque você me chamou através
da saudade. E sempre que você me chamar assim, com tanta força, eu virei nadar
nas águas do seu coração. Ele é tão gotoso que parece um pedacinho do mar. E
sabe o que eu descobri? Aqui dentro existem algumas cavernas. Por quanto vou
ficar morando na caverna da saudade, que fica ao lado da caverna dos sonhos,
bem pertinho da caverna das lembranças. Aqui, ainda tem lugar pra muita gente.
Mabel ficou surpresa. Mal acreditava
no que estava acontecendo. Que felicidade! Olhou bem para aquele peixinho: as
listras coloridas, a cauda enorme e transparente, os olhos bem abertos,
brilhantes, cheios de vida... e não teve dívida: era o mesmo Igor de sempre!
- Sabe de uma coisa, Mabel? Todas
as pessoas que você ama visitam ou moram no seu coração. Agora você já
aprendeu: sempre que quiser estar com elas aperte suas mãozinhas e grite bem
alto, com tosa a força da saudade e, como num passe de mágica, elas virão visirar você.
Com o tempo a dor da saudade
foi-se acalmando. Mabel já conseguia dar boas risadas lembrando-se de coisas
engraçadas do amigo. Lembrou-se das vezes em que ele ficava bem quietinho
ouvindo as suas historias e prestando atenção nas perguntas. E quando ele brincava
de esconde-esconde no meio das pedras.
Lembrou-se também de quando ele
cantou uma linda canção para ela:
“
Como pode um peixe vivo
Viver
fora d’água fria
Como
poderei viver
Sem
a tua
Sem
a tua
Sem
a tua companhia...”
Um dia, Mabel foi chamar o Igor na
caverna da saudade. Mas ele não estava mais lá.
- Não é possível – pensou a
menina. – Onde é que esse peixinho se escondeu desta vez? Será que ele foi
embora sem se despedir de mim?
Mas, não demorou nada para que
ela o encontrasse nadando em outras águas, feliz da vida!
Igor tinha acabado de se mudar
para a caverna das boas lembranças.
AUTOR: NYE RIBEIRO SILVA
1. Dobradura de Peixe:
2. Cartaz com as cavernas do coração: pedir para que os alunos escrevam ou desenhem pessoas, animais ou coisas que eles sintam estar na caverna da saudade no coraçãozinho deles. Colocar tais desenhos em um cartaz que represente as cavernas do coração. Deixar exposto na sala. Pode-se explorar as três cavernas, não apenas uma.
3- Produção textual, com início, meio e fim relatando seu sentimento ao perder alguém querido na morte.
4 .
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